sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Troféu Surreal

 Esmurrei um padre pegando sua idolatrada cestinha transbosdando de fé verde, vandalizei o quadro vermelho do ditador gigolô com anarquia preta, também destruí os cabos transmissores daquela emissora televisiva e ainda arranquei umas máscaras sangrantes rindo copiosamente.

Au, Au, ou... ou! Chutei a poltrona, manquei feio. Onomatopéias...

O arame farpado prendeu e rasgou um idiota que insistia em babar fezes enquanto resmungava ferido e amedrontado no quintal. Eu não tenho pena, não tenho mesmo. Que se exploda meu cinismo e sujeira moral, assumo mesmo: te desci a porrada!

Te amarrei para assistir sua desgraça, solei em meu baixo elétrico chorando e gritando desesperadamente e duas cordas grossas de metal arrebentaram cortando seu rosto.

Scarrf! Escarrei uma goma grossa e visceral que te encapuzou nessa podreira toda. Cuspi, sim senhor e foi fodido, você quase se sufocou no meu catarro.

Bati palmas e gargalhei do teu medo, pois te odeio, é puro sadismo meu. Pausa para meu riso! Eu quero rir, cacete! Ha, ha, he, he. Satisfeito!

Posso falar mais alto? Posso sim! Nenhum babaca vai me impedir, não podem te ouvir gritar! Eu tenho o megafone e seus ouvidos vão estourar com minha histeria!

Pingue, escorra nesse show desgraçado onde gerarei insanidade com tanta vodka na idéia, vou colocar a culpa nessa cachaça. Tá eu sei que não é cachaça, trepe com o gargalo!

Eu mato e torturo mesmo, eu te torturei e matarei mesmo na insônia voraz que me prostitui nessa merda fedida. Qual é a tua? Diz pra mim!

Só na minha cabeça você existe. Pare de chorar, é o fim!

Engulo risonho a chave para minha fuga, fico trêmulo com minha confissão amassada na mão, então rasgo o chão para longe do meu rastro rubro. Eles chegarão para nos recolher, não se preocupe. Você não foi escondido, sua cabeça está nessa mão. Já finquei teu corpo como troféu no portão de casa. Enrolei eles por meia hora dando prejuízo no fone deles. Agora eles querem me exibir e já estou devidamente trajado para isso.


- Mensageiro Obscuro.
Setembro/2010.

Foto: "Bloody Trophy", troféu feito de sangue humano e sangue animal por Thyra Hilden e Diaz.
Portal da artista: Thyra Hilden

4 comentários:

  1. Caramba, Mensageiro!
    O conto é uma solada com bota de alpinismo no meio da cara!
    Trilha sonora recomendada: Autopsy!
    Abraço.

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  2. Vou pedir desculpa pq nao li o texto, to indo dormir. Mas quero amanha ler com calma.

    Mas nao pude de deixar um comentário. Massa o blog e a iniciativa. TODO o incentivo a literatura é MUITO bem vinda, ainda mais num pais que nem o Brasil, que o governo é o que menos apoia, com ALTOS impostos sobre os livros, fora que pra quem ta começando tem q investir uma grana muito alta pra conseguir algum sucesso.

    Enfim....PARABENS!!

    Amanha volto aqui e leio.

    Téé

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  3. Como promrtido to ai.

    Bah texto estilo Punk psicopata. Curti bastante. Fugiu das coisas q tenho lido por ai ultimamente. Amor, depressao, namoradinho q se foi, etc. Curti o sarcasmos e a ideia "faça vc mesmo, q eu to fodendo pra ti".

    Abss

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  4. Adorei o estilo sombrio desta crônica. Adoro tudo o que tem um "que" e cinismo.

    Bati palmas e gargalhei do teu medo, pois te odeio, é puro sadismo meu. Pausa para meu riso! Eu quero rir, cacete! Ha, ha, he, he. Satisfeito!
    Adoro!!!rsrrs

    Te sigo.

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